Após visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro na prisão nesta terça-feira (16), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) fez duras críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do processo que levou à condenação do ex-chefe do Executivo.
Segundo o parlamentar, há um “risco de saúde real e grave” e falta “bom senso” na condução do caso.
“Risco de saúde real e grave”
Flávio Bolsonaro afirmou que a demora na autorização para a cirurgia recomendada por médicos particulares expõe o ex-presidente a um quadro de risco.
“Eu peço, mais uma vez, que volte o bom senso ao relator desse processo, para que não fique transparecendo o que parece que é matar o Bolsonaro aqui onde ele está”, disse.
Segundo o senador, laudos médicos já comprovaram a necessidade de intervenção cirúrgica, mas estariam sendo ignorados.
“Os médicos estão pedindo, comprovando a necessidade de fazer uma intervenção cirúrgica, e o relator está enrolando, menosprezando a necessidade de cuidar da saúde dele”, afirmou.
Para Flávio, a conduta do ministro configura um “constrangimento”.
Estado de saúde e psicológico
Questionado sobre o estado físico do pai, Flávio relatou que Jair Bolsonaro tem sentido dores leves na perna direita, o que levou à descoberta de uma hérnia inguinal. Exames posteriores indicaram a necessidade de cirurgia em ambos os lados.
Apesar disso, o senador afirmou que o ex-presidente mantém estabilidade emocional. “Ele estava bem-humorado, bem-disposto, passando tranquilidade e segurança. Está sendo um gigante aqui dentro”, declarou.
Projeto da dosimetria das penas
Flávio Bolsonaro disse ter conversado com o pai sobre a repercussão do projeto que trata da dosimetria das penas relacionadas aos atos de 8 de Janeiro.
Segundo ele, Jair Bolsonaro orientou lideranças partidárias a aceitarem uma redação que permita a prisão domiciliar de pessoas condenadas, mesmo que em regime de semi-liberdade.
“Se colocasse pessoas como a Débora do Batom em casa, próximas das suas famílias, ele já se sentiria menos triste e aguenta mais um tempo aqui”, afirmou o senador.
Para Flávio, a postura do pai demonstra que ele prioriza o interesse coletivo. “Ele coloca o interesse do Brasil e de pessoas inocentes à frente do próprio interesse dele”, disse.
Críticas ao processo legislativo
O senador também criticou o que classificou como interferência externa no debate legislativo sobre a dosimetria das penas. Para ele, houve constrangimento ao exercício do mandato parlamentar.
“O debate ficou proibido na Câmara dos Deputados. Para que serve o processo legislativo, então?”, questionou.
Flávio defendeu ajustes no texto para evitar que criminosos perigosos sejam beneficiados e afirmou que pretende tratar do tema com o líder do PL no Senado, Rogério Marinho.
Expectativa de votação antes do recesso
Segundo o senador, há um entendimento entre lideranças políticas de que o projeto precisa ser analisado ainda neste ano, antes do recesso parlamentar. Flávio disse esperar que se chegue a uma conclusão “ainda nesta semana”.
Disputa política e cenário eleitoral
Ao comentar a resistência de partidos do Centrão ao seu nome em uma eventual disputa presidencial, Flávio Bolsonaro afirmou que trabalha para reverter esse cenário. Disse acreditar que pesquisas futuras indicarão crescimento de sua candidatura.
“Muito em breve, até pesquisas ligadas ao PT vão mostrar um grande crescimento do nome Flávio Bolsonaro”, afirmou, ao defender que seu nome seria o mais viável para derrotar o atual governo.